terça-feira, 26 de maio de 2009

Mais um dia em que tudo deu certo mesmo dando tudo errado... (Em vexas reais)

Fiz alguns calculos de cabeça... Como era domingo a margem de espera na parada por um ônibus era de mais ou menos uns 40 minutos. Duração da viagem: 1 hora. Tempo extra para procura e encontro do destino cobiçado: 30 minutos. Como não queria chegar na hora do show saí mais cedo. Ao chegar na parada avistei um ônibus verde. Era o meu. Desci da parada e encontrei facilmente o local sem desvios...

Enfim, por um pequeno erro de calculos lá estava eu um pouquinho antes (Vamos ser mais específicos: Eram 16h23 e o show teria início às 18h). Mas eu não era o único a errar na soma de minutinhos (Naquele caso eram minutinhos eternos), já existia uma fila de mais de 20 pessoas. A ansiedade me motivava, afinal aquele show era aguardado a semanas, até paguei para que trabalhassem para mim, tudo por uma boa causa. Aquele fanatismo tinha um nome e era Rosa de Saron. Se tratava da apresentação da melhor banda católica da atualidade...

Fiquei admirado com a ternura de um seminarista que estava um pouco mais a minha frente na fila (O bastante para ser notado). Ele estava acompanhado de mais 5 amigos. Um sexto amigo chegou, por que não? Ora bolas, "Junte-se a nós". E lá se foi a primeira frenteira. Mas o coração daquele seminarista não cabia em seu peito. Foram mais de mais de 25 frenteiras (agora os meus calculos eram mais concretos, com margem de erro de 3%). Eu sei que era um evento religioso mas aí já é bravata...

Após vários minutos de angústia e piadas em voz alta sobre frenteiras abriram os portões. Tinha fome, mas domingo mercado e padaria fecham cedo. Outro contratempo que não saia da minha cabeça. Nenhum entretenimento além de algumas barangas de biquini na lage...

Fiz amizades na fila e me posicionei bem próximo do palco. Começou o primeiro show, bem bonito, tinha falha no equipamento, mas realmente ficou legal... Amei as alfinetadas aos fãs que gritavam Rosa e davam tchau durante seu show... Segundo show já era mais animado, com músicas mais dançantes... Dançarinas... Também foi bom... Um apresentador começou a chamar pelas cidades e seus respectivos habitantes respondiam com gritos. Após isso ele chamou os grupos e pastorais. Chamado, segue-me, liturgia... Calma aê? E os coroinhas? Puts, só lembram da gente quando é pra contar uma piada imoral ou coisa parecida... Foi a hora do remix. Um DJ fez todos dançarem, mesmo sem espaço nem para amarrar o cadaço. Brasileiro sempre dá um jeitinho...

Fecharam as cortinas. Gritos. Ansiedade ao auge. Quando abriram a galera foi a loucura. Eu cantei, pulei, dancei, tirei milhares de fotos, fiz mais amigos... Foi maravilhoso... Teve até uma visita especial. Me diverti muito... Muito mesmo...

Estranho não? Depois de um carnaval mal sucedido e um aniversário de Brasília mais que deprimente lá estava eu feliz, com novos amigos, sem preocupações. Mas o destino ainda me traria algo... Já era tradição festiva alguma coisa dar errado...

Quando o show acabou todos correram para a lateral do palco na esperança de vê-los saindo e tirarem fotos ou receberem autógrafos. Eu sai e fui na direção da parada. Um carro preto bem moderno estava estacionado num canto. Notei que a porta estava aberta para um corredor e esse corredor dava direto no palco... Coincidência ou não eu estava diante do carro em que o Rosa de Saron entrou. Olhei para um lado e para o outro. Ninguém gritando ou me empurrando. O primeiro a entrar foi Guilherme Sá, o vocalista... Dei tchau e tirei uma foto (Que ficou só um vidro preto)... Um fã percebeu, bateu no vidro e mostrou um papel com uma caneta... A banda parecia nem o ver. Ele ficou pulto. "Que caras metidos, né véi?". Eu sorri. "Olha, não é por nada não mas se eu fizesse um show em Ceilândia eu também não abriria o vidro não. Pense no lado positivo. Você pode tirar onda dizendo que foi tirado por ninguém menos que Guilherme Sá do Rosa de Saron". O fã saiu como se tivesse tirado uma foto com ele, o sorriso ia de orelha à orelha...

Era meia-noite. Decidi ligar logo para uma amiga minha (A única que tenho no P Norte). Ela não atendeu. Tentei novamente. Na mesma. Estava reconhecendo aquela situação bizarra... Mas não me desesperei. Pensei rápido... Era tão simples... Se resumia tudo em uma mera palavra... FUDEU...

A parada de ônibus estava lotada. Sentei-me próximo a ela e me encolhi para fugir do frio. Um busão passou do outro lado. Ao total passaram 5, mas apenas voltando, só pra animar mesmo... As pessoas na parada sumiam de acordo com a quantidade de carros que os amparavam. Eu podia me enturmar em uma caravana e pedir carona, mas os ônibus estavam sobrecarregados. Pensei até em voltar a paróquia e dormir em um cantinho lá mesmo, ou até mesmo bater na porta da minha amiga, mas não tinha coragem o bastante. Estava cansado. Desde a hora que cheguei fiquei só em pé... Frio... Fome... Estava sentado agora na parada com outras pessoas desamparadas. Por algum tempo. Logo estaria sozinho...

Uma mulher (ou seria um anjo) me falou a coisa certa na hora certa. Ela me aconselhou a bater na casa de minha amiga. Eram duas horas da madruga... Disse a ela que não era uma boa idéia... Foi aí que um personagem novo surgiu nessa história insana. Seu nome era Felipe, descobri só depois. Ele disse que também tinha uma amiga no P Norte e que ela morava perto do supermercado Rios. Puts, eu não conhecia porcaria nenhuma naquela cidade, mas por coincidência eu sabia onde ficava aquele mercado, era onde eu descia para ir a casa da única pessoa que conhecia lá. Tomei coragem... Nós dois descemos a cidade. O início de uma aventura maluca...

Nossa conversa minimizou o caminho. Logo estávamos na frente do mercado. Ele ligou para alguém para confirmar o endereço. Não sei se por sorte ou azar ele errara: A casa de sua amiga era perto de outro supermercado. Ele tinha o endereço e iria procurar... Era uma despedida...
Não dava. Eu não ia deixar uma pessoa sair por aí sem destino, sem rumo... Chamei ele, dei a idéia de seguirmos juntos em outra direção. Agora o destino dele era semelhante ao meu...

Lá estávamos, na frente do portão da casa da minha mera amiga. Era agora. O climax da noite. Estava com saudades e fazia um bom tempo que panejava uma visita, mas não queria que fosse daquele jeito. Nunca bati na porta de alguém nem umas 23h da noite, imagine então às 2 da madruga... Olhei para Felipe. Ele estava mais apreensivo que eu. Para ele era tudo novo... Bati palmas e chamei pelo nome dela baixo. Nada. Tentei ligar novamente (Não me pergunte o porquê). Ninguém atendera... Queria pensar em algo mas o frio era intenso e limitava minha mente... "E agora?". Felipe não respondeu. Acho que ele esperava que eu tivesse a resposta. Voltamos ao ponto zero. Sem rumo, sem destino concreto... O cachorro parou de latir... Minha motivação acabou...

O silêncio da noite foi interrompido por uma música que a tempos não ouvia. Alguém escutou as nossas súplicas, era o meu celular... A luz da casa acendeu. Fiquei feliz por alguns segundos. Depois ansioso. A mãe dela saiu e aquele peso suave da cruz do incômodo pousou sobre meus ombros...

Deitei no sofá e repousei meus músculos cansados. O cobertor acolhia meu corpo frio. Felipe apagou a luz e se deitou em um sofá ao lado... Era como um quebra-cabeça. Aquele garoto era a confiança que me faltava. Eu podia ter feito tantas coisas, milhares de possibilidades, e eu escolhi exatamente essa. Era o meu destino. Como se eu fosse um anjo da guarda daquele rapaz... Aquela situação tinha um motivo. Se minha amiga tivesse atendido o telefone de primeira Felipe teria dormido na rua, ou até mesmo pior... Como um roteiro. Encontros e desencontros. E o escritor desse roteiro é ousado, mas sempre termina com exatidão as rimas do meu mero poema de vida...


Fotos do evento:






































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