A campainha tocou e a empregada correu para abrir a porta, afinal, a patroa reclama sempre após o segundo toque. Já sabia o discurso até de cor: "A pessoa que trabalhou antes de você foi demitida porque um convidado meu tocou cinco vezes e ninguém abriu. Não arrisque para ver, hein mocinha", dizia a madame com desprezo.
Do lado de fora, deparou com um entregador escondido atrás de um grande buquê de rosas:
- Senhora Ana Ricof? - Perguntou o senhor tentando vê-la por cima das flores.
A dona da casa apareceu de repente:
- Sou eu! Sou eu! - Disse empurrando a funcionária.
A patroa pegou o grande presente e entrou saltitante. Antes de fechar a porta, a empregada cumprimentou o entregador, que cochichou:
- Você é a Antônia?
- Sim! Sou eu - respondeu surpresa.
- Também tenho uma entrega pra você - revelou estendendo a mão com um pedaço de papel amaçado.
Na sala, D. Ana lia o cartão elegante com detalhes dourados e uma letra feminina: "Estou em uma viagem de trabalho e pedi para minha secretária escolher um presente para você. Feliz Dia dos Namorados". O silêncio da patroa descreveu a frustração.
Já na cozinha, Antônia abria o bilhete improvisado em uma folha de caderno: "Queria apenas dizer que te amo. Saudades". O brilho no olhar narrava uma história de amor correspondida.
A cozinheira percebeu o suspiro alheio:
- Oxe, menina! Que sorriso bobo é esse ai? Posso saber o motivo?
A empregada apenas guardou o bilhete e afirmou:
- Eu apenas ganhei um presente da vida que nenhum dinheiro no mundo é capaz de comprar.
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