quinta-feira, 27 de outubro de 2016

O Ex-Terminador do Futuro...


Lembro-me como se fosse ontem, mas na verdade foi o ano passado. Estava em casa, entregue aos meus instintos primitivos (à preguiça mesmo) quando ouvi me chamarem no portão. Normalmente, eu iria caminhando entediado até a janela, mas, pela tonalidade da voz alheia, preferi correr até o destino desejado:

- Em que posso ajudar? - Disse já me preparando para dizer "Não quero comprar. Obrigado!" após a resposta do homem.

- Estou procurando o Arisson Tavares!

Engoli o seco e gaguejei ao ver o tamanho do brutamonte apoiado na grade do portão:

- Hamm, ele não está. Seria só com ele?

O homem de óculos de sol apenas me encarou. Parecia analisar o meu rosto ou coisa do tipo. Ao perceber que eu era o bendito Arisson Tavares, continuou o diálogo anormal:

- Você precisa terminar o seu livro!

- Oi? E quem é você mesmo?

- Sou um Ex-Terminador! - Disse sem expressar emoção.

- Exterminador? - Exclamei assustado.

- Não! Eu disse Ex-Terminador.

Continuei confuso com a explicação lógica dele, mas preferi mudar de assunto:

- E o que você quer comigo?

- Vim do futuro com a missão de garantir que termine o seu livro.

Minha vontade era de sorrir com aquele cara estranho de jaqueta e calça jeans. Afinal, era tudo tão ilógico:

- E por que eu faria isso?

- No futuro de onde vim, as máquinas dominaram o mundo. Elas substituíram o homem no trabalho, na cozinha e até em casa. Enfim, em um mundo dominado pelas redes sociais e tecnologia, o ser humano está cada vez mais sedentário e, quando se trata de informação, prefere tudo mastigado. É aí que você entra. Você precisa escrever mais livros para que as pessoas tenham a literatura como porta de entrada para outro universo e se salvem.

Fiquei calado por alguns segundos. Como o brutamonte com pinta de Arnold Schwarzenegger parecia um maluco, decidi entrar no jogo dele:

- Ah, sim! Ok então! Vou escrever.

Quando me virei para sair da janela, o homem gritou uma última frase:

- Não se esqueça de salvar um backup!

Agitei a cabeça e fechei a cortina. Ainda ouvi ele perguntando para uma pessoa na rua se a antena era da GVT, pois ele odiava a "Sky e Net". Sentei no sofá, liguei o notebook e aproveitei o final das férias para escrever e escrever. Segundo o tal Terminador, era hora de salvar o mundo.

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