sexta-feira, 5 de outubro de 2012

O dia em que o pagamento atrasou...

A cara de tensão apagava a imagem positiva apresentada durante o dia. Notícias boas, muito boas, mas deturpadas pela tela do caixa rápido. Não havia nada do que esperava ver. Olhei para os lados e novamente para a tela, mas nada mudou. No relógio vi que a missão não seguiu o estipulado. O Plano B era procurar um Plano C. Comecei as ligações em busca de ajuda. Não era só mais um no meio da multidão. Eu era o protagonista daquela cena de ação. Ao contrário do planejado, o pagamento não estava lá e o boleto da faculdade vencia naquele dia. Só tinha duas horas para conseguir o valor da mensalidade e pagar.

A solução veio uma hora depois, enquanto esperava a moça que me atendia voltar à sala. O meu celular vibrando na mesa me fez lembrar do filme Missão Impossível - Protocolo Fantasma, no qual o Tom Cruise recebe suas missões confidenciais por meio de um aparelho semelhante. Assim como no filme, aceitei a missão, atendendo a ligação. Tinha menos de uma hora para pegar um cartão com uma certa heroína e utiliza-lo no pagamento da fatura no shopping mais próximo. 

Desci do ônibus e completei a primeira fase da missão: cartão nas mãos. Em poucos minutos ela me sussurrou a senha e tive que partir. Faltavam 15 minutos para às 9 horas. Peguei a mochila na mão e comecei a correr como o Tom Cruise no filme. A tensão fazia a dor no estômago por ainda não ter almoçado até aquele momento desaparecer. Corri, sem opção de pedir um dublê. Entrei no shopping caminhando apressado entre os clientes desatentos. A camisa suada incomodava ao ponto do ar condicionado não refrescar. Optei pelas escadas para economizar tempo. 

Faltavam apenas nove minutos. Se eu não pagasse aquela conta em nove minutos, perderia a bolsa fidelidade que tenho ao pagar antes do vencimento e ainda encararia uma multa significativa. O simples ato negativo faria a fatura ficar 40 reais acima do valor do meu salário. Era o fim da minha vida social nas férias e ainda ia ter que vender livros para completar. Escolhi a menor fila e tentei acalmar a respiração. Meu olho palpitava como pela manhã, mas não tinha aquela dor de cabeça que me fez ficar deitado sem enxergar direito. Cálculos de cabeça. Uma moça utilizando o caixa rápido e outra na fila. Seria sete minutos o bastante para conseguir completar a missão? 

Uma mulher da outra fila gritou, mas não era destinada à mim aquela exclamação. Ela chamava a moça à minha frente, alegando que a outra fila estava andando mais rápido. Para minha sorte, ela confiou no convite da amiga e desistiu da vaga que tinha. Assim que ela saiu, a pessoa que estava no caixa também se retirou dando a vez para meu atendimento, que fiz questão de não rejeitar.

Efetuei a transação, mas a tela revelava um erro na senha. Inseri o cartão respirando fundo, como quem desarma uma bomba. O tempo estava contra mim. Tinha apenas quatro minutos. Refiz o processo e para minha alegria tive como resposta um comprovante de pagamento. Minha cara suada se abriu e deu um sorriso. As pessoas que estavam próximas me olharam julgando-me louco (o que não deixava de ser verdade). A satisfação durou poucos segundos. Olhei para o relógio: 21h02. Lembrei-me de mais uma missão. Corri para pegar um ônibus e minha camisa suada revelava que aquilo só estava começando. Combinado é combinado. Faltava menos de uma hora para eu enviar um arquivo de TCC para uma integrante do grupo e missão dada é missão cumprida. 

Um comentário:

Nena Medeiros disse...

Aff! Que agonia!! Ainda bem que deu certo.