domingo, 5 de outubro de 2008

Um pobre brasileiro pobre

Ó dúvida insipiente. Lá estava José Crediosvaldo da Silva, ou “Cê” para os íntimos, de frente para o armário caindo aos pedaços. O que vestir? Sem muitas opções. O Cê se viu limitado a escolher entre três peças de roupa. Decisão veemente. Optou por vestir as três.

José entrou no banheiro e ligou o chuveiro frio. Passou por debaixo como um carro no lava-jato. Quando saiu do outro lado sentiu-se limpo, era um banho destilador milagroso. Vestiu primeiro a blusa de frio, depois a camiseta e, por fim, a uma outra sem mangas. Olhou aquela imagem deturpadora pelo espelho. Sorriu. Estava lindo.

O Cê ergueu o braço direito e deu uma fungada prolongada. Um cheiro fúnebre encheu seus pulmões e ele perdeu os sentidos por cinco segundos. Após a recuperação uma certeza: Outro banho era necessário... O de perfume. Agora, todo aromático, estava pronto para sair.

Não demorou muito e logo estava na padaria. Olhou para as duas moedas de vinte e cinco que tanto batalhara para ganha. Valia à pena. Era por uma boa causa:

-Pois não?

-Me dê um daqueles cafezinhos...

A atendente fez o que o Cê pediu. Entregou-lhe o café e pegou em troca suas moedas:

-Obrigada. Volte sempre.

-Eu que agradeço- Disse com cara de tacho.

Pobre se contenta com pouco, mas aquilo já era bravata. Enquanto o Cê pedia esmola para arrecadar os cinqüenta do dia seguinte fantasiava dizendo: “Amanhã ela se lembrará de mim. Ela me ama, só não sabe disso”. Começou a questionar. O que vestir amanhã? Ó dúvida insipiente. Era melhor não soar as que estavam vestindo. Decisão veemente.

2 comentários:

MARIAESCREVINHADORA disse...

Obrigada por me fazer rir, adorei vir ao seu blog.
Abraços,

Conceição

jhonathan disse...

bom dia meu rapaz!
rsrsrs!
legal, gostei deste sua crônica!
como vão as coisas por estas bandas!
um abraço, e continue!