segunda-feira, 26 de abril de 2010

A noite em que eu era a noiva...

As nuvens se moviam em velocidade infinita e se desfaziam como as palavras proferidas. Fechei os olhos, mas a imagem do céu permanecia. Leve como o toque da brisa. Faltava oito horas para o nascimento de um novo escritor. Do que falar? Era uma noite importante o bastante para me preocupar com minha postura. Mas peraê! Eu sou Arisson O grande. Minha identidade é única e meu estilo é exclusivo. Era só ser eu.

Levantei e resumi meu destino. Defini todo o trajeto novamente para evitar falhas. Uma ligação me deixou tenso: A caixa de som ainda não estava garantida. O engraçado é que recebi mais ligações naquele dia insano do que no meu aniversário (Não sei se é bom ou ruim).

Ok. Vamos começar então...

Dia vinte de abril, quinze horas, lá estava eu saindo da faculdade em Taguatinga com uma câmera de vídeo na mochila indo na direção da parada. O céu que antes se percebia belo agora queimava meus neurônios. Dei uma espiada discreta e me espantei: Era o meu ônibus. Qual a probabilidade de chegar na parada no exato momento que o busão? Emoção privatizada. Me senti o cara mais sortudo da terra. A porta abriu e o motorista me olhou com cara-de-bunda-de-velho. Eu era o primeiro a entrar. Puts, tinha que tomar cuidado para não amassar os cartazes... Calma aê! Cadê os cartazes! Eu era novamente o azarado mais sortudo da terra...

Voltei para a faculdade resmungando e repeti meu trajeto insano até a parada. Olhei para trás e vi um ônibus, mas não era o meu, e tive a visão mais sinistra da minha vida: Uma senhora de 50 anos correndo na pista com seus pares gigantesco de peitos que chegavam a gravidade zero a cada salto. Isso tecnicamente me inspirou e um novo discurso veio a minha mente. Na verdade aquela imagem não saia da minha cabeça. Como o Chuck ou aquelas buchechas do Fofão quando você é criança.

Mais um ônibus. Pit stop de trinta minutos pra me arrumar. Novamente corri pra parada. Como arrumar uma caixa de som em apenas três horas? Puts, até o Jack Bauer tinha 24 horas. Minhas fontes se esgotaram e eu só tinha uma solução: Rezar. Desci do ônibus e andei até a paróquia do Núcleo Bandeirante. Me dirigi a secretaria e pedi um reforcinho. Saí faltando meia hora para o lançamento insano com a caixa de som do padre Moysés. Estava de volta a ativa.

Entrei em um ônibus, pra variar um pouquinho, e sentei em um dos primeiros bancos após passar pela catraca. O busão encheu. Eu estava com uma caixa de som, uma mochila com uma câmera dentro e com os cartazes... Estava tecnicamente lascado.

Pedi um milagre e ele entrou no ônibus na Candangolândia. Um amigo meu do grupo dos coroinhas (que participei intensamente) me ajudou a atravessar aquele corredor com segurança.

Cheguei exatamente na hora do evento, ainda bem que todos chegam atrasados pro marcado. Instalei a caixa de som e dei uma olhada geral na decoração: Estava tudo perfect. Caramba. E agora? Meu discurso planejado parecia ultrapassado. Era hora de recaptular...

Uma amiga da faculdade iniciou o evento insano. Para minha surpresa ela me fez uma baita homenagem, o que me deixou meio perdido na hora de começar a falar. Minhas primeiras palavras? Foram "Que merda em".

Que tipo de escritor diz "que merda" no lançamento do seu primeiro livro? Quem fala de uma senhora com melões caidos durante um discurso? Quem simula um dedilhado de piano na mesa durante uma sessão de autógrafos? Resposta: Arisson O grande.

A melhor forma de passar o que é "Evolução Decrescente" é usando a mesma linguagem. Meu humor tinha que brotar naquele momento. A atenção era toda minha. Todos tinham vindo por minha causa. Até no dia do casamento o noivo tem menos foco que a noiva. Era o momento mais insano da minha vidinha.

Após os aplausos eu sentei e senti uma paz. O prazer de saber que tudo tinha dado certo no fim me acomodava. Toda aquela correria das últimas semanas, todas as noites sem dormir direito... Tudo tinha me direcionado para aquela cadeira acolchoada de rodinhas que girava. Fechei os olhos e vi o céu com nuvens correntes. Leveza e equilibrio pessoal. Não sei se Paulo Coelho dançou tango no lançamento do seu primeiro livro, mas o que identifica minha mente insana é exatamente o fato de não ser nada mais do que o Arisson O grande.




A revisora do livro... Gabi Tavares...


Espaço para mensagem no cartaz... Valew...


Discurso insano...



Espaço Cultural Renato Russo...





Valew as pessoas que marcaram presença...






Obs.: Bem, hãmmm, como é que eu começo...
Caraaacas véééi!!!

A noite insana de autógrafos foi perfeita. Só foi metade das pessoas que eu chamei e mesmo assim foram mais de 50 pessoas...

Agradeço de um modo bem especial a galera que trabalhou para que o evento insano fosse o que foi...

O evento já passou, porém o livro "Evolução Decrescente" está disponivel na net (pesquise no google book) e na Livraria Cultura...

Grato,
Arisson O grande

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