segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Marcação de território...

Desde a Antiguidade já existem vestígios de sua existência. Os inscritos no muro da cidade de Pompéia, preservado graças a erupções do vulcão Vesúvio, continham xingamentos, poesias e até propaganda política (já que na época não existiam horários políticos). Na Idade Média era a vez dos padres. Eles pichavam muros de conventos rivais para expor ideologias ou até mesmo criticar doutrinas alheias. A pichação sempre foi motivo de polêmica ou protestos. Temos como exemplos maduros a Revolta Estudantil de 1968 e o Muro de Berlim, frutos da agilidade que o aerosol trouxe.

Porém, atualmente, pichação é como mijar para um cachorro. Marcação de território. As disputas pelo controle do tráfico de drogas destroem a imagem real das cidades. O que antes era revolução, agora é vandalismo. Um ataque ao patrimônio público, sujeito a multa ou até mesmo prisão. Um crime ambiental, segundo o artigo 65 da Lei 9.605/98. Sem levar em consideração que o aerosol é também um poluente.

De certa forma, me sinto feliz pela invenção do aerosol. Seria muito nojento se um adolescentes mijasse na minha parede para marcar território. Provavelmente eles também concordam. Se as autoridades chegarem fica mais prático fugir. Imagina o infrator correndo e fechando a braguilha às pressas. Risco eminente. A polícia também agradece. Algemar alguém que não lavou as mãos após fazer o serviço se torna motivo de greve para aumento do salário.

Seria tão solidário da parte dos pichadores se eles pedissem autorização para suas artimanhas. Imagina que belo exemplo de cidadania. Um rapaz peculiar bate na sua porta às três da manhã:

-Olá, senhora. Sou um pichador aqui da cidade e gostaria de saber se posso decorar a sua parede para divulgar nosso trabalho social. Trabalhamos com crianças aqui da região.

A mulher espia por uma brecha o jovem importuno:

-Que belo trabalho. E qual é o nome do projeto?

O Rapaz abre um sorriso marqueteiro e responde motivado:

-Boca de fumo do Zé Pindaíba.

A senhora fechou o pequeno espaço que existia na porta. O jovem perguntou novamente. Lembrava um flanelinha fornecendo serviços de limpeza de vidro de carro. Nenhuma resposta foi registrada. O infrator abriu a braguilha furioso e escolheu o alvo.

-Eu tentei ser pacífico. Eu tentei.

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