sábado, 30 de outubro de 2010

Fúnebre...

Dia de refletir, solene. Dia de recordar dos que já foram. Lembramos daquilo que conseguimos adiar até hoje. Tudo se esgota ou envelhece. Tudo morre um dia.

Vamos comemorar no dia de finados a morte dos princípios. O mundo se tornou um lugar vulgar. Esquecemos da vida, dos ideais. O que era imoral agora é moda. Não existem mais limites.

Vamos celebrar a morte do espírito social. Ninguém mais repara nas faces, não percebemos novos olhares. Andamos na rua entre figurantes da nossa vida. O valor humano se perdeu entre tantos umbigos distintos.

Celebremos também a morte do amor, que tantos juraram eterno. Foi desejado, cobiçado e descartado. Virou armadilha, labirinto e ilusão. Foi sufocado pelo mundo das orgias. Virou mito. Em seu último suspiro pronunciou carinhos, os apelos sexuais criou sua forca.

Vamos recordar a morte da disciplina, do desejo de aprender. Recebemos mastigado. Não corrigimos nossos filhos. Mimamos o errado e enforcamos a educação. Em seu próprio santuário ela é condenada. A escola não é mais sua casa, foi deportada.

Vamos celebrar também a morte do nacionalismo, que morreu junto com a Copa. Como uma camisa no armário foi esquecido. Talvez ressuscite nas olimpíadas, talvez seja enterrado com o Dunga.

Recordarei a morte do mundo que conhecia. A morte da minha infância. Morreram conceitos, nasceram novos objetivos. Nada é eterno, nem mesmo a memória. Talvez esse texto enfraqueça e morra em sua alma, talvez ele sobreviva e faça parte do que não existia.

Nenhum comentário: