sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Crônicas de bagagem - Parte 2

Dentro da mochila de viagens encontrei moedas, uma de dez e uma de vinte e cinco. Era o troco do ônibus que peguei ao sair do aeroporto de Guarulhos. Na janela várias novidades. Tudo era novo para mim. Desci no metrô e olhei um mapa das estações. Tive que pegar dois para chegar ao meu destino. De lá, encontrei o ônibus cedido pela prefeitura que fazia a ligação entre a estação e o Anhembi.

Era domingo e os vagões estavam vazios, mas o transporte gratuito saia um atrás do outro lotado. Sentei novamente na janela. Ao meu lado uma mulher com uma criança no colo. Ela falava as coisas como um guia turístico ao filho. Eu ouvia e admirava. Ela citava sobre o rio Tietê e o Sambódromo. Eu fotografava com o meu celular.

Perguntei para a guia turística onde ficava a rua Alfredo Pujol. Ela não sabia, mas solicitou auxilio do marido. Eles me explicaram tão bem que me senti meio sem graça. Fizeram um mapinha em um papel e me passaram até um telefone, caso houvesse divergências. Não sabia quanto eu tinha disponível na carteira e sabia que dinheiro não era a melhor forma de presentear aquele casal tão atencioso. Abri a mochila e retirei um livro. Lembro-me do ar de surpresa dos dois ao descobrirem que eu era escritor. Eu autografei e me despedi. Estava na frente da Bienal, mas me dirigi na direção contrária. O mapa me encaminhou direto para o hotel.

A rua em forma de morro me forçava a olhar para cima durante a caminhada. Eram vários nomes distintos nas placas. O hotel ficava no alto da subida. O peso da mochila me deixava ofegante.

Após passar por uma porta e subir uma escada em um corredor estreito cheguei a recepção do hotel. Preenchi uma ficha, peguei a chave, tomei coragem e subi mais um andar. O último degrau me entregou a mais um corredor, mais escuro e largo. Procurava o número do meu quarto, comparando os números da minha chave com os da porta. Destranquei a porta e encarei o novo quarto, temporário e solitário. Um cômodo pequeno, mas bem aconxegante. A cama era larga, um quadro acima dela deixava o clima amigável. Deitado apreciei um pouco da programação de domingo na televisão no canto oposto, próxima ao teto.

Procurei no bolso da mochila o papel com o mapa e o telefone recebido, mas não achei no local guardado naquela época. O meu museu estava incompleto.

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