quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Um buraco no tempo...

Após análise geral percebi a ausência. Tenho álbuns de fotografia, vários registros de minha infância. Mas ao chegar na adolecência a história se omite, como um grande buraco na narração. As imagens retornam na vida pré-adulta descrevidas na juventude. A fase em que passei por mais insanidades se estinguem e são alimentadas apenas a minha memória.

Foi no ensino médio que fiz meus projetos mais peculiares. O primeiro deles veio da primeira apresentação em grupo da escola, na qual criamos uma narração encenada para o conto A nova California, do Lima Barreto. Era a história de um homem que criou a fórmula para transformar ossos em ouro. No final, a população da pequena cidade fica lutando por ossos no cemitério e eu, que fazia o personagem Bastos, fugia com o segredo. Vários amigos de turma apareceram nessa época.

Lembro-me de estar com o vestido da minha mãe cruzando as pernas de forma cômica na versão humorística da peça A cartomante. A interação do grupo na frente dos alunos de várias turmas do CEMNB transformou o fato em eterno. Não foi só uma apresentação teatral em um auditório, foi mais que isso. O improviso rendeu risadas que me deram uma leveza diferente. Era algo que me inspiraria para a vida humorística. Infelizmente, por se tratar de um improviso, não tenho roteiro escrito ou sequer uma foto de recordação.

Outro fato que gostaria de ter registrado foi o Dia do estudante. Uma banda de professores tocava no evento quando decidiram que era vez de um aluno cantar. O estudante escolhido fui eu, Arisson O grande. A música era "No, woman don't cry" e eu cantei "vou, vou reprovar". Fiz uma interação com a platéia e todos cantaram junto. Tive direito até a um backing vocal albino. O que eu acho interessante nesse acontecimento foi o improviso. Eu criei uma versão na hora e não lembro das rimas, nem da letra. Apresentação única que morrerá com minha memória.

São momentos grandes que não receberam homenagem física ou digital. Não foram para o álbum. Infelizmente não é possível andar com uma câmera registrando todos os momentos da vida, ou até mesmo voltar no tempo. Mas, mesmo não tendo uma imagem viva, não há nada melhor que recordar.

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