sexta-feira, 15 de abril de 2011

Bullyingnorância...

Um surto pscótico deixou a cidade bem conhecida. Quem ouviu antes do atirador invadir a escola alguém falando sobre Realengo? Hoje, até o Bono Vox do U2 comenta o ocorrido. Mas não foi só essa palavra que ficou popular nos noticiários. A expressão inglesa "bullying" está em todos os veículos de comunicação. Lurdinha foi uma das que ouviu a palavra e, como todo brasileiro, para mostrar que tem um QI elevado a quinta potência, ela adicionou a palavra ao seu vocabulário:

-O que foi que você disse? - Disse Maria apoiando as mãos na grande cintura que Deus lhe deu.

-Eu disse que a neta da Dona Joana tá sofreno bullyng na escola.

-Sofreno o quê?

-Bullying, Maria. Bullying... Bê, u, éli, i, eni... Bullying. Você não sabe o que é bullying?

-Sei sim, mulher. Mas lá em casa a gente só usa garrafa térmica mesmo.

Lurdinha ergueu os braços e olhou na direção do céu, mesmo com o teto da casa censurando o sol:

-Valame Deus, Maria! Tu num vê televisão não? Nunca viu falar de bullying?

-Vejo sim, Lurdinha. Sempre que posso eu vejo o Programa do Ratinho. É "café no bullying" - Disse a velha sorrindo e esticando os dedões positivamente..

-Não é esse bullyng... É inglês. Quando uma pessoa sofre humilhação pública nós chamamos de bullying.

-E a neta da Joana sofreu isso foi?

-Foi. Chamaram a coitada de pagodeira. A menina chegou a chorar.

-Nossa. Que coisa triste, Lurdinha. E como ela tá?

-Eu vi ela ontem. Ela tava com um pentiado lambido e roupa preta ouvindo aquele rapaz que foi no Faustão. O filho do Fábio Junior.

-Sei quem é. O tal de Fiuk.

-É esse mesmo. Esse nome é tão difícil. Pra mim tinha que ser "Fábio Junior Junior", mas tudo bem. De qualquer forma, é uma coisa muito triste.

-É mesmo. Nunca me chamaram de pagodeira, mas deve ser horrível mesmo. Eu sei que olhando assim é meio difícil de acreditar, mas nem sempre eu tive esse corpinho.

Um silêncio enquanto Lurdinha olhava a amiga da cabeça aos pés. O percurso ocular era bem grande:

-Sério? Difícil de imaginar, heim.

-Pois é. Eu era gordinha na adolecência e sofria com isso. Sempre ouvia frases do tipo "Ei. Maria balofa. Não entra na piscina senão ela vai transbordar". Ou "Maria. Você é tão grande que seu traseiro tem gravidade própria". Ou então "Alguém me ajuda. A Maria sentou em cima de mim".

-Complicado, heim.

-Muito.

-A verdade dói, né?

-Bastante. Agora deixa eu ir pra casa que o Programa do Ratinho hoje vai revelar quem é o pai usando o resultado do teste de DNA.

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