segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Dia da independência mais dependente ainda...

Acordei cedo. Mas poderia ter acordado tarde, o ônibus demorou quase uma hora. Acomodei minha cabeça em meus braços estendidos pois era o único conforto que tinha naquele ônibus lotado. Cheguei um pouco atrasado pro pretendido, o desfile já havia começado a alguns minutos. Não achei meu primo de primeira, muito barulho pra falar no celular. Quando acabasse tudo eu marcaria um ponto de encontro.

Aquele sol. Por que eu não marquei no clube? Meu rosto não queimava só de um lado, eu estava sempre virando a cabeça para acompanhar o desfile. Não era como no carnaval, não tinha entretenimento. O que me fez me manter acordado era o medo de ser assaltado enquanto dormia. E a mulherada gritando, é claro, não me deixava desviar a atenção e direcioná-la para minha terra de fantasias insanas. Uns gritavam "Olha o tio lá, oh!". Outros dizia "Olha que míssil gigantesco, mãe". Mas o que eu mais ouvia era "Olha a água geladinha!", guiness book.


Cheguei de fininho e fui tomando espaço e quando vi já estava na arquibancada. Começou então a esquadrilha da fumaça, permaneci no meu lugar. Do meu lado uma mulher tirava fotos. Não sei se era pela exposição ao sol, mas a mulher estava fotografando era uns aviãozinhos de isopor que as crianças estavam jogando a céu aberto. Ela riu ao notar sua façanha expetacular. "Engraçado né? Eles parecem. Nem dá pra notar a diferença". E eu educadamente respondi: "É simples, o da esquadrilha da fumaça tem fumaça atrás".

Não podia criticar aquela mulher, eu também estava meio alucinado. Liguei pro meu primo e marquei de encontrá-lo num abacaxi congelado gigante. Ele me disse que era a Catedral, nossa, eu realmente estava tendo uma overdose de luz solar.
A rodoviária estava tão cheia que decidimos dar a volta e sair sem rumo. Isso sim era espírito de dia da liberdade, éramos independentes. Esfomeados, mas independentes. Fadigados, mas independentes. Até nossos pensamentos pareciam mais independentes. Por que o nome "setor de diversões"? Será que é por causa do comercio aberto de mulheres com bolsas que fazem movimentos circulatórios ao redor do seu próprio eixo? Saímos da feira do livro sem nenhum livro de baixo do braço. Pegamos o metrô e fomos pro Park Shopping. Assistir um filme em nome daquela liberdade era um prazer pessoal. Mas não deu, tinhamos todo tipo de liberdade menos a financeira, o cinema tava 18 reais e decidimos ir pra casa...









Um comentário:

Daniela Salazzar disse...

Ora vamos Arisson, onde esta seu espirito nacionalista? o orgulho pela independencia da patria? Se fosse num desses tipicos dia de calor setembrino e D.pedro tivesse gritado "INDEPEDENCIA OU CHUVA?" seriamos escravos da metropole portuga ate hoje. E nao lamente, vc nem queria tanto assim assitir o filme do batman neh (ou queria?)

Abraço
Dani Salazzar