quarta-feira, 16 de março de 2011

Nota Zero com Z maiúsculo...

Esse tema já foi abordado no blog insano, mas acho que preciso trazer novamente o assunto a tona. Voltemos primeiro a novembro de 2010, no Rio Grande do Sul. Um aluno de enfermagem deu uma de dentista e usou os pés para quebrar seis dentes da professora, de 57 anos, que deu uma nota baixa. O rapaz era instrutor de artes marciais e usou uma cadeira de ferro estilo luta livre para dizer que não era a favor da forma de avaliação, de forma madura e adulta.

Como se já não fosse o bastante para alarmar os professores e ser tema de um dos meus textos, pouquíssimo tempo depois, no início de dezembro, um professor de Belo Horizonte foi morto a facadas por um aluno seu. O estudante alegou a polícia que a intenção era apenas assustar. Ao levar a "facada" na nota, ele cometeu o crime, dentro do corredor da instituição e as câmeras internas gravaram tudo. As cenas são de dar pane em qualquer teacher brasileiro.

Daí chegamos ao ponto chave, em São Paulo. Para quem acha que tacar giz ou bolinha de papel no professor é falta de ética, o que o aluno de 16 anos fez pode parecer bravata. O aluno atirou contra a professora a primeira coisa que encontrou na sala: uma cadeira. Se fosse o Bush em uma comitiva de imprensa até que dava um jeito de desviar, mas a pobre professora não teve chance e foi atingida na cintura.

Mas a justiça sempre vem e a punição caiu sobre o rapazinho. O garoto, que está na 7ª série, recebeu uma suspensão de seis dias e, pelo que fiquei sabendo, ao invés de receber a mesada do mês, ele recebeu uma cadeirada também. E aí começou a crise. O professor entrou na sala aflito e começou a falar as notas:

-Amanda, 8,5. Barbara, 7,7. Carlos, 3...

O professor é interrompido:

-Como que é, professor? - Disse Carlos amolando um facão.

-Hãmm... Seis. O Carlos tirou seis.

-Ah, nossa. Eu tinha ouvido três.

-Seis, três, dez... São tão parecidos - Comenta o professor soando frio.

Ser professor está virando assumir uma profissão de risco. Até o Capitão Nascimento pede para sair se a missão for administrar uma turma em uma sala. Espero que os alunos respeitem mais os seus respectivos mestres ou a coisa vai ficar preta.



Para ler o texto "O medo de qualquer professor" clique aqui

Um comentário:

JoeFather disse...

Cara, tá difícil ser qualquer coisa nesse nosso país, e professor não é exceção!

Uma profissão que praticamente ocupa e faz as vezes dos pais durante a formação de todos, hoje virou saco de pancadas. Isso é terrível!

É claro que seguindo assim todos os bons profissionais que viam a educação como um próspero patamar para alavancar uma excelente carreira, hoje já pensam duas vezes.

É uma pena, de quem é a culpa? Provavelmente de todos os envolvidos, que deixaram o quadro chegar a tal extremo. Dá para reverter? Bom, até onde eu sei somente a morte não tem remédio, estou certo?

Grande abraço e parabéns pela ótima reflexão que nos trás!